É verdade que vivemos numa era de pressão generalizada, as nossas vidas quer seja no âmbito profissional, familiar, pessoal são muito intensas, stressantes. Há a sensação global de passarmos a vida a correr de um lado para o outro, para cumprir com todos os compromissos, tarefas e objetivos. Os dias tornam-se semanas, as semanas tornam-se meses e, por vezes, fica difícil desacelerar, mesmo que seja essa a nossa intenção. Quantos de nós temos como objetivo pessoal tirar 1 hora por dia para nós, no pior dos casos 1 hora por semana, para aquele momento de lazer, seja atividade desportiva, a leitura daquele livro, contemplação da natureza, meditação, cantar num coro, socializar com o nosso grupo de amigos… aquilo que nos faz sentido, naturalmente! E quantos de nós conseguimos cumprir?…
Qual o grau de importância que nós damos ao nosso “desacelerar”? É verdade que hoje mais do que nunca, especialistas de diferentes áreas profissionais defendem os momentos de lazer como parte do equilíbrio físico, mental e emocional do indivíduo, mas, quantos de nós efetivamente nos organizamos para que isso aconteça? Abordo este assunto porque, nos últimos anos, amigas, conhecidas e até seguidoras minhas, têm vindo a fazer este tipo de perguntas em relação ao meu estilo de vida e gestão pessoal de afazeres.
Proponho tirarmos uns minutos, centrarmos a atenção em nós e questionarmos sobre isto. Talvez escrever numa papel, para uma análise mais profunda. Perguntemos então: i. Qual(ais) a(s) atividade(s) que me faz(em) sentido praticar no meu tempo livre? ii. Qual a importância que a(s) mesma(s) teria(m) no meu bem-estar? iii. Com que regularidade gostaria de a(s) concretizar durante a semana? iv. Qual seria o meu compromisso e que gestão teria de fazer para as praticar?
Os objetivos que nos propomos devem ser realistas e, principalmente, devem ser prazerosos, só assim conseguiremos mantê-los a longo prazo e, deste modo, fomentar um estilo de vida consistente, acreditando que estes momentos são igualmente importantes na construção da nossa identidade individual. Vou dar-vos o meu exemplo pessoal: a minha atividade profissional é na área musical, lecionando maioritariamente grupos de crianças entre a idade pré-escolar e 1.º Ciclo do EB. Com o passar dos anos, e perante a minha experiência enquanto Coordenadora Regional das Áreas Artísticas (em que chegava a casa após 7 horas e continuava a trabalhar, andava sempre acelerada), obriguei-me a desligar e a gerir tempo para mim, e levei isso mesmo a sério, (pois valeu-me várias colites de origem nervosa). Portanto, sou aquela que escreve na agenda os dias e as horas das atividades de lazer pessoal.
Os meus tempos livres são ocupados principalmente com exercício físico, com a frequência semanal de 5 a 6 treinos; faço corrida de estrada e ainda musculação para reforço muscular, por indicação especializada. No passado, e sempre que experimentava desporto em aulas de grupo saía de lá irritada, mesmo que o treino em si até fosse interessante. Ao refletir, percebi que para conseguir desligar da minha rotina profissional, eu precisava de uma atividade individual, sem suporte musical, inclusive. A corrida para mim tornou-se terapêutica porque, faço sozinha, com o ruído do exterior, permitindo-me pensar, planear, contemplar, refletir… no tempo da corrida, chego a planear aulas, gerir lista de compras, refletir sobre comportamentos de alunos, etc 🙂 Comecei a correr em 2005 e nunca deixei, porque para mim faz todo o sentido. Alivia-me o stress, a tensão que costumo acumular, corro exercitando a respiração com as técnicas específicas para o canto, como resultado, a minha resistência é trabalhada e chego a casa muito mais leve, mental e fisicamente. Mas tenho outras atividades de complemento que fazem igualmente parte de mim: se estou triste preciso cantar, se estou desconcentrada toco piano, principalmente escalas e arpejos (estranho, admito); se estou feliz invento receitas… o importante é criarmos a oportunidade de nos auto-analisar, sendo sempre fiel a nós próprias. Tenho dias em que passo por todas elas!! 🙂 🙂
Portanto, analisemos a nossa personalidade, as nossas necessidades, a nossa condição de saúde. E experimentar até acertar!… Faz sentido?
Então, elabore o seu pequeno plano, aproveite a energia extraordinária da Primavera e faça acontecer. Uma pequena mudança fará uma grande diferença na sua qualidade de vida 😉